Rinite e alimentação: o que se deve saber

Por Patricia Morgado

Difícil encontrar alguém que nunca tenha tido uma crise de rinite na vida. Coriza, obstrução nasal, coceira intensa no nariz e espirros constantes são alguns dos sintomas típicos que, muitas vezes, demoram a passar e causam grandes incômodos.

Para muitos, a doença só passa após tratamento médico e auxílio de medicamentos específicos. Contudo, existem outras atitudes que podem minimizar o incômodo que acomete de 20% a 25% da população mundial, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Além de hábitos de vida saudáveis e higiene básica, a alimentação exerce um papel primordial. E quem explica o porquê é o otorrinolaringologista Marcelo Mello, do Hospital Cema, especializado no tratamento de olhos, ouvidos e garganta. “Pessoas com rinite têm uma resposta exagerada a certos alimentos ou aditivos neles contidos”, afirma.

A dica, de acordo com o especialista, é fortalecer o sistema imunológico e consumir comida de verdade, evitando a ingestão de produtos industrializados, como fast-food, enlatados e embutidos. Estes contêm substâncias que podem deflagrar os sintomas. Comidas muito quentes ou muito temperadas também devem ser evitadas, pois ativam a resposta alérgica por meio da histamina, que tem ação vasodilatadora. “Prefira sempre alimentos naturais a refeições prontas ou industrializadas. Utilize temperos caseiros ao invés de realçadores de sabor”, reforça.

A dieta ideal para quem possui este problema deve contar com vitaminas, enzimas, óleos e minerais presentes em determinados alimentos. Muitos deles também contam com propriedades anti-inflamatórias, bactericidas e descongestionantes.

É o caso de produtos como alho, cebola e mel. A maçã e o gengibre também entram na lista com o papel de adstringentes. Por isso, estão presentes em remédios para gripes e resfriados. Também vale destacar as frutas cítricas, ricas em vitamina C. Já os peixes de água fria – caso do salmão, atum e sardinha – têm em sua composição ômega 3, substância que protege as vias aéreas e ajuda a combater inflamações.

“Os peixes contam com vitaminas e minerais do complexo A, B, D e E, fósforo e potássio, essenciais para o bom funcionamento do organismo”, ressalta Mariana Staut Zukeran, nutricionista do Hospital Israelita Albert Einstein.

Entre as bebidas, água é sempre a melhor pedida. Também estão liberados chás e sucos naturais. A recomendação é evitar bebidas cafeinadas, achocolatados, leite, bebidas alcoólicas e refrigerantes.

Rinite na mesa

Alimentos liberados

Grãos e sementes: castanhas, sementes de linhaça e de girassol

Peixes: atum, salmão e sardinha

Frutas cítricas: laranja e limão

Vegetais e frutas: vegetais verde escuros, cenoura, acerola, manga, abóbora, abacaxi

Outros: Alho, cebola, gengibre e mel

Alimentos que devem ser evitados

Trigo e cereais, derivados do glúten, doces, leite e derivados

Alimentos industrializados: enlatados, embutidos e fast­-food


Crianças e adolescentes na mira da doença

Considerada a moléstia de maior prevalência entre as doenças respiratórias crônicas, a rinite alérgica é bastante conhecida entre os brasileiros. Principalmente entre crianças e adolescentes. O estudo International Asthma and Allergies in Childhood (Isaac) mostrou que, junto a este público, a prevalência média de sintomas relacionados à rinite alérgica foi de 25,7% a 29,6%, o que deixa o Brasil no grupo de países com as maiores taxas mundiais de rinite.

Geralmente, o diagnóstico da rinite alérgica é clínico, baseado no histórico do paciente e no exame físico. “O tratamento sempre abrange a conscientização do paciente sobre a importância da higiene ambiental. Em alguns casos, se faz necessário o tratamento medicamentoso com antialérgicos via oral e sprays nasais e, em situações especiais, é possível o uso de vacinas antialérgicas. Porém, quando não há boa resposta ao tratamento indicado, vale procurar novamente o otorrinolaringologista, para exames e investigação detalhada”, descreve o Dr. Marcelo Mello.

Publicado originalmente no Jornal Metrô News em 21 de março de 2018