A hora da escolha profissional
Por Patrícia Morgado
A adolescência é a fase das incertezas e da busca por novidades. É nesse período que a maioria decide qual carreira deve seguir. Durante esta escolha é preciso conhecer muito bem o mercado e campo de atividades exercidas na profissão.
Obter todas essas informações de uma vez não é fácil. Por isso, é importante que o adolescente mantenha a calma, segurança e saiba conhecer seus pontos negativos e positivos.
Para ajudar os adolescentes neste processo, algumas universidades e cursos pré-vestibulares chegam a organizar workshops e palestras sobre o tema, trazendo profissionais das áreas de Exatas, Biológicas e Humanas que possam passar um pouco da sua experiência e falar sobre curiosidades. Além dessas atividades, existem os testes e programas de orientação vocacional que tentam, por meio de exames e dinâmicas específicas, definir a área de atuação dos indecisos.
Este tipo de avaliação no entanto, não é visto com bons olhos pelo diretor geral da Manpower do Brasil, Augusto Cesar Calado da Costa, de 43 anos. "O teste vocacional sempre indicará a área de atuação e não a profissão a ser seguida, como muitos pensam. Se existe dúvida, não é o teste que vai definir a carreira", afirma.
Para ele, as pessoas possuem uma tendência natural a certas áreas do conhecimento. Por isto, deve-se unir interesse profissional com a área que está em evidência no momento. "Se você quer ser engenheiro, por exemplo, escolha o segmento mais promissor, que, neste caso, seria o de telecomunicações", afirma.
A psicóloga e psicoterapeuta Maria Luiza Piszezman acredita na eficácia do teste vocacional desde que ele venha acompanhado de uma série de outras atividades. "Acredito em um processo maior, onde, por meio de dinâmicas, encontros e conversas com psicólogos o adolescente possa se autoconhecer. Somente dessa forma, conhecendo suas preferências e limitações, ele poderá fazer a opção certa", admite.
Programas de orientação
Existe uma série de programas de orientação por todo o país. Silvio Duarte Bock, de 49 anos, coordena, desde 1988, o Nace Orientação Vocacional e Redação, instituto de orientação profissional. "A diferença entre este tipo de programa e um teste vocacional é que o trabalho é mais completo. Fazemos atividades em grupo, dinâmicas e jogos que estimulam os participantes a fazer a escolha o mais consciente possível".
Bock conta que grande parte das pessoas que o procuram geralmente possuem idade aproximada de 15 e 21 anos. As atividades propostas no Nace podem ser feitas tanto em grupos como em sessões individuais. O que muda, neste caso, é o preço. Enquanto os que trabalham em grupo pagam o valor de R$ 745, os que preferem fazer atividades sozinhos fazem um total de doze sessões, pagando R$ 100 por cada uma delas. "Durante cada exercício proposto, queremos que os participantes reflitam sobre o que realmente querem fazer e como a sociedade interfere nesta escolha", relata o diretor do instituto.
Outras opções
As pessoas que não possuem condições de pagar um programa como este podem se inscrever, só no período de março a junho, no Serviço de Orientação Vocacional ligado ao Labor (Laboratório de Orientação Profissional da Universidade de São Paulo (USP).
O serviço oferece atendimento gratuito a estudantes com mais de 14 anos, aposentados e profissionais que pretendem buscar uma nova colocação no mercado de trabalho.
Para os que não pretendem esperar tanto tempo, a dica é conhecer o mundo das profissões. As informações podem vir por meio de revistas especializadas, Internet e até mesmo conversas com profissionais da área, que, não por acaso, podem ser enriquecedoras e explicativas trazendo um panorama da realidade. "É bom pesquisar muito e tentar se familiarizar com a área que se deseja atuar. Muitas universidades já têm esse tipo de preocupação e também abrem as suas portas neste período, com intuito de apresentar a universidade e mostrar um pouco o mundo das profissões", alega Maria Luiza.
Portanto, se ainda você está indeciso e não sabe qual rumo tomar, não perca tempo. Escolha suas armas e prepare-se para boas descobertas.
Publicado originalmente no Jornal Diário de S. Paulo em 18 de novembro de 2001 - Empregos - Ano 5 - número 222