Nem mesmo a informatização tira o trabalho do calígrafo, que seguindo regras de altura e inclinação das letras elabora convites, diplomas e manuscritos
Por Patricia Morgado
Com traços firmes e precisos, os calígrafos esboçam letras dos mais diferentes tamanhos e estilos. Seguindo regras de inclinação, altura, tamanho e espessura, estes profissionais fazem do ato de escrever uma arte. E é usando este dom, como como no século XVI, que personalizam diplomas, certificados, manuscritos e convites de festas e eventos.
Com o passar do tempo e a descoberta de novos materiais como tintas e papeis, o calígrafo aperfeiçoou suas técnicas e passou a cobrar pelo serviço prestado. Um convite de casamento, por exemplo, custa em média R$ 0,70 para ser feito. Já a elaboração de um diploma varia de R$ 150 a R$ 300.
Para a calígrafa Rosa Garbati Gross, de 38 anos, o trabalho é constante e o fato de viver num mundo onde quase tudo é informatizado só valoriza a atividade que exerce. "Estamos na era das máquinas onde tudo é feito em quantidade e de forma única. Como o trabalho que fazemos é artesanal e personalizado, ele passa a ter maior importância", garante.
Muitos profissionais aprenderam o ofício na prática enquanto outros decidiram fazer um curso de caligrafia. A escola mais conhecida, a De Franco, possui um curso de três a quinze meses de duração, que pode ser feito tanto em sala de aula, como por correspondência. No entanto, não são todos os alunos que fazem o curso com intuito de virarem calígrafos. Muitos pretendem melhorar a escrita, pois acreditam que escrevendo melhor, terão maiores chances de trabalho e ascensão profissional.
Com mais de treze anos de experiência, a calígrafa Solange Desare, de 38 anos, chega a fazer de 150 a 200 convites por dia, levando cerca de um minuto para elaborar cada um deles. Proprietária do Ateliê de Artes Caligráficas e Souvenirs há 12, ela faz mais de 25 tipos de letras diferentes. "Acredito que o profissional deve ter talento e ser observador. Não basta ter letra bonita. Tem que estudar e treinar muito para que o trabalho saia perfeito", observa.
Publicado originalmente no Jornal Diário de S.Paulo em 28 de outubro de 2001 - Empregos - Ano 4 - número 219