Eles criam aparelhos de saúde
Por Patrícia Morgado
O bioengenheiro busca soluções para problemas técnicos na área da saúde. Ele cria aparelhos que servirão na recuperação dos pacientes, como botas ortopédicas para deficientes, próteses e marcapassos. Além disso, ele também busca novas terapias que agilizem o processo de recuperação do paciente.
Mas Bioengenharia não é um ramo restrito à Engenharia. Muitos fisioterapeutas, professores de Educação Física, terapeutas ocupacionais e médicos podem ser bioengenheiros. Isso ocorre porque não há um curso de graduação no Pais voltado especificamente à essa ciência. Algumas faculdades oferecem especializações que podem ser realizadas tanto por profissionais da área de Exatas quanto de Biológicas.
O engenheiro Milton Seigui Oshiro, de 46 anos, fez especialização em Bioengenharia no Hospital das Clínicas, em 1990. Ele trabalhou na divisão de bioengenharia do Incor, onde desenvolvia equipamentos para o coração como válvulas, marcapassos e corações artificiais.
Há cinco anos, ele foi chamado para criar o Laboratório de Bioengenharia da Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD), onde desenvolve aparelhos de reabilitação para portadores de deficiência física, como estimuladores elétricos musculares, assentos e encostos anatômicos para os que se utilizam cadeiras de rodas. "Para fabricar qualquer tipo de equipamento, o profissional deve dominar a área de conhecimento na qual está trabalhando", avalia.
Oshiro leva em média de um mês a dois anos para desenvolver um novo equipamento. Tudo dependerá do que será desenvolvido. "Depois de pronto, o produto passa por uma avaliação do corpo clínico. Se for aprovado, passará a ser utilizado pelos pacientes", diz.
José Carlos Pereira, de 48 anos, é presidente do programa de pós-graduação de Bioengenharia da Universidade de São Paulo, campus de São Carlos, interior de São Paulo. Ele afirma que a existência de poucos hospitais com bioengenheiros não inibe a procura pelo Mestrado nessa área. "Houve um aumento de 10 a 12 alunos por semestre, graças ao constante avanço da área tecnológica", explica.
Para ele, a qualificação profissional de um bioengenheiro é medida pelo número publicações em revistas especializadas. "O ideal é o aluno conseguir que suas descobertas durante o desenvolvimento da pesquisa sejam publicadas nestas revistas. Com isso, ele passa a ser chamado para trabalhar em grandes laboratórios e hospitais", alega. Além disso, o bioengenheiro deve participar sempre de congressos internacionais.
Adriana Simone Lopes Santa Maria, de 27 anos, é professora de Educação Fisica e concluiu a pós-graduação em Bioengenharia em São Carlos no início deste mês. Sua tese de Mestrado, que demorou 2 anos para ser concluída, foi sobre cargas na coluna lombar. O objetivo é calcular as forças musculares que agem na coluna vertebral e de que forma elas influenciam na mobilidade e que problemas podem acarretar. "Vou aproveitar toda a pesquisa que desenvolvi e aplicar no meu trabalho diário, moderando o nível de peso em determinados exercícios e limitando o peso que a pessoa pode levantar em determinadas tarefas", afirma.
A média salarial para estes profissionais varia de R$ 700 a R$ 3 mil mensais.
Publicado originalmente no Jornal Diário Popular em 8 de julho de 2001 - Caderno de Empregos - Ano 4 - número 203