Por Patricia Morgado
Se existem profissionais preocupados com o desemprego em razão da crise de energia Pais, outros comemoram o aumento da oferta de emprego em tempos de apagão. Os instaladores de tubulação de gás são alguns dos trabalhadores que ganham espaço com esta situação.
O instalador faz o encanamento por onde o gás é transportado para residências, indústrias ou ruas públicas. O trabalho é realizado por empresas especializadas, que devem ser credenciadas pela Companhia de Gás de São Paulo (Comgás).
Aos interessados em aprender a profissão, algumas informações são importantes: Não há nọ mercado um curso que ensine aos iniciantes como montar uma tubulação de gás. Esse ensinamento é oferecido pelas empresas do ramo aos funcionários recém contratados. Para suprir essa falha no sistema educacional o Senai Roberto Simonsen criou um curso na área do gás, cujas aulas terão inicio em agosto, para ensinar as normas necessárias para trabalhar com o gás, como fazer a instalação dos equipamentos e como converter eletrodomésticos que utilizam o GLP (Gás Liquefeito de Petróleo) para o GN (Gás Natural).
Paulo Noronha, de 58 anos, diretor executivo do Sindicato das Empresas de Instalação (Sindinstalação) ressalta a importância desse novo curso. "Há mais de três anos, o sindicato, em união com outras entidades, sentiu a necessidade de fornecer um curso para esta área, que possui grande demanda no momento", revela.
O Senai possui, atualmente, três cursos nesta área. Todos são voltados somente para quem já trabalha no ramo. Os alunos são preparados para utilizar as técnicas específicas dentro da área escolhida.
O trabalho dos instaladores de gás é dividido quanto à área de atuação. Quem instala a tubulação para levar gás às residéncias deve ser, antes de tudo, um encanador e ter conhecimentos de hidráulica. Nos trabalhos na indústria, o instalador precisa saber soldar, além de conhecer técnicas de montagem industrial (para instalações mais complexas de equipamentos e tubulações). Nas obras públicas, também é preciso ser soldador.
O engenheiro Manfrim Valdecir, de 47 anos, é proprietário da empresa Engemont, que faz instalações residenciais e industriais. Há 22 anos no ramo, ele acredita que os instaladores residenciais têm maiores chances de emprego no momento. "Como o assunto agora é economizar energia elétrica, muitas pessoas querem trocar os eletrodomésticos ou eletrônicos por equipamentos à gas", afirma.
Estevão Marcos Cavalcante, de 44 anos, trabalha como instalador há 5. Quando só entrou para a Engemont, possuía conhecimentos de hidráulica. Hoje ele realiza instalações residenciais e comerciais. "Para as residencias faço a tubulação desde a entrada do prédio até a eletrodoméstico. Nas industrias o trabalho é mais amplo, tenho de montar equipamentos e ainda deixar a queima de gás livre de poluentes, para não ter perigo de explosão" afirma.
O instalador José Bernardino da Silva, de 43 anos, trabalha na construtora Azevedo & Travassos, em obras públicas. Ele solda as tubulações onde posteriormente irá passar o gás. Apesar dos riscos da profissão ele se sente seguro no dia-a-dia. "Não tenho medo de que algo ruim possa acontecer, pois nosso trabalho e supervisionado antes, durante e depois. Apesar de ter sentido uma certa dificuldade ao entrar na área pelo excesso de informações que recebeu, hoje ele tem certeza que fez a escolha certa. "O aprendizado é constante e o trabalho é intenso, mas vale a pena. Quem tiver oportunidade, deve aproveitar", conclui.
A media salarial para estes profissionais varia de acordo com o ramo escolhido. Os que estão no ramo de obras podem receber até R$1.500 por mês.
Publicado originalmente no Jornal Diário Popular em 17 de junho de 2001 - Caderno de Empregos - Ano 4 - número 200