Por Patricia Morgado
Nem sempre a descoberta de uma doença vem acompanhada com dores, incômodos e mal-estar generalizado. Em alguns casos, ela se desenvolve de forma silenciosa, sem apresentar grandes sintomas, e acaba vindo à tona somente durante um exame de rotina. Isto é o que geralmente costuma ocorrer entre os portadores de câncer renal (câncer de rim). Essa patologia atinge 3% da população brasileira, sendo a maioria composta por adultos na faixa dos 40 a 60 anos.
Geralmente, os indícios de que algo não vai bem incluem sangue na urina, dor nas costas e no abdome (mais precisamente na região dos flancos) e até mesmo o surgimento de um nódulo ou massa palpável na região abdominal. “Em 80% dos casos, a doença é diagnosticada não por conta do sintoma, mas sim devido à realização de exames que o paciente está fazendo por alguma outra razão”, descreve o urologista Alexandre Cesar, diretor da Sociedade Brasileira de Urologia de São Paulo e médico do Hospital de Amor de Barretos.
O exame que costuma detectar alterações é o ultrassom de abdome total e o ultrassom de rins. O exame de urina também é indicado para averiguar se o rim está funcionando devidamente. Caso seja visibilizada qualquer anormalidade, são realizados novos exames e, se confirmada a presença do tumor, o paciente é submetido a avaliações mais específicas para detectar onde a doença está confinada, quais regiões foram afetadas e se houve metástase para outros órgãos.
“O tratamento vai depender muito do caso. Quando a doença está localizada em um rim, o tratamento na maior parte das vezes é cirúrgico, com a remoção do tumor e preservação do rim. Em determinadas situações, contudo, não é possível manter o rim afetado e a remoção do órgão é total”, explica o Dr. Cesar. Após a cirurgia, o tratamento vai depender se existem sinais da doença em outros locais do corpo ou não. “Se for localizado e só a cirurgia resolver, o paciente, após o procedimento, é submetido a acompanhamento constante, a cada seis meses”, diz. Vale lembrar que o corpo humano consegue sobreviver com somente um rim, caso este esteja em perfeito estado.
Fatores de risco – Entre as condições que favorecem o desenvolvimento deste tipo de tumor estão as doenças renais, pressão alta, hipertensão, tabagismo, obesidade, uso abusivo de diuréticos e determinadas doenças genéticas. Pessoas que fazem hemodiálise (por conta do mau funcionamento dos rins) também têm maior risco de desenvolver nódulos renais. “O grande desafio é descobrir cedo e tratar cedo. Quando descoberto muito tarde pode haver metástase e indicação de tratamentos imunoterápicos. Por isso, é importante pensar na saúde preventivamente, fazer o checape e tomar iniciativas buscando sempre a busca pela saúde e não só ir ao médico quando fica doente”, afirma o Dr. Marcos Alexandre Vieira, nefrologista e presidente da Fundação Pró-Rim. Segundo ele, em casos mais avançados, é importante que o paciente seja acompanhado por uma equipe multidisciplinar composta por nefrologista, urologista, oncologista, além de profissionais como psicólogos e nutricionistas. “É importante que o paciente encontre o equilíbrio para tratar e enfrentar esta situação”, diz
Da Vida Real Para Ficção
Recentemente, o assunto câncer renal veio à tona, devido ao drama enfrentado por Adriana, personagem interpretada por Julia Dalavia em O Outro Lado do Paraíso, novela das 21h da Globo. Na trama, ela foi diagnosticada com a doença após exames realizados por conta de um acidente automobilístico. Nos próximos capítulos, além da hemodiálise, ela terá de realizar um transplante de rim, pois, só assim, sobreviverá. Na vida real, no entanto, o procedimento não pode ser feito tão rapidamente. “O paciente tem de estar bem e sem evidência de câncer por, no mínimo, dois anos para realizar o transplante. Ele tem de ser tratado primeiro. Ninguém opera, tira o rim e já coloca outro”, enfatiza o Dr. Alexandre Cesar.
Publicado originalmente no Jornal Metrô News em 04 de abril de 2018