De olho nas vistas e lentes alheias
Por Patrícia Morgado
Nos dias atuais é praticamente impossível encontrar alguém que não tenha problemas de visão e dispense o uso de óculos ou lentes de contato para enxergar perfeitamente. Afinal, não é de hoje que o homem se preocupa com o enxergar.
Na Itália, por volta do século XII, foram encontrados os primeiros traços de óculos, compostos por duas lentes unidas por um prego. Também foi neste período que percebeu-se que a lupa, descoberta do século XI, tinha o poder de aumentar o tamanho dos objetos.
Desde então, foi necessário muito estudo e trabalho para se chegar a variedade de opções e modelos de armações e lentes, encontradas no mercado. E se antes as pessoas se contentavam com uma consulta feita ao oftalmologista, atualmente a situação é bem diferente. Considerado como acessório, hoje os óculos são peças integrantes da aparência.
Técnico em ótica
Unir estética, conforto e bem estar é trabalho do técnico em óptica. É ele quem analisa qual o tipo de armação, espessura e lentes adequados para cada situação.
Presente em laboratórios de surfaçagem, montagem e óticas, este profissional é responsável pela fabricação dos diferentes tipos de lentes, processo denominado surfaçagem, além de fazer a montagem e adaptação de lentes de contato.
Para obter todos estes conhecimentos, é importante que os interessados em seguir esta carreira façam um curso profissionalizante com duração superior a um ano e meio. O estágio não é obrigatório e as aulas se dividem em práticas e teóricas. Durante este período, os futuros profissionais aprenderão temas como Física (com ênfase em Óptica), Montagem, Surfaçagem, Gestão Empresarial e Legislação.
Luiz Antônio Rala, de 42 anos, técnico de desenvolvimento educacional do curso ministrado no Senac, acredita que a área oferece muitas oportunidades, já que sempre recebe solicitação de empresas à procura de mão-de-obra qualificada. "O óculos se tornou uma peça do vestuário e parte integrante da personalidade. Por isso, já faz parte do dia-a-dia das pessoas. É preciso ter capacidade para indicar qual o tipo de armação e lente mais apropriados ao paciente", esclarece.
Atividades
A atividade do técnico de óptica dependerá do segmento em que o profissional estiver atuando. Quando está trabalhando em laboratórios que executam o processo de montagem do óculos, por exemplo, ele coloca as lentes na armação seguindo critérios de medição, estética e adaptação.
Apesar de não ser autorizado a fornecer receitas médicas e fazer diagnósticos, ele deve ter capacidade para fazer a leitura da receita médica. "O técnico não trabalha como um simples vendedor que procura oferecer o seu produto. Ao aviar uma receita, ele tem como prioridade a saúde da pessoa que está atendendo", afirma o gestor do Senac.
Este é o trabalho de Antonino Ramos de Oliveira de 42 anos, um dos proprietários da Ótica Tiradentes. "Quando um cliente entra em minha loja, procuro verificar quais são as suas necessidades levando em conta itens como idade e profissão", afirma confiante.
Na área desde 1979, quando começou a trabalhar com o irmão, somente em 1994 ele decidiu fazer um curso para legalizar a sua situação. Segundo ele, os conhecimentos que adquiriu foram importantes pois mostraram a existência de outros setores da área que até então desconhecia. "Com tudo o que aprendi tenho condições de oferecer um serviço de qualidade as pessoas que atendo. E é dessa forma que divulgo o meu trabalho", relata.
A média salarial dependerá do tempo de experiência e do local de trabalho. Os que atuam como montadores, ganham de R$ 800 a R$ 1700 mensais. Já os que ocupam cargos de gerência, responsável pelas lojas de óticas, chegam a ter um salário superior a R$ 2 mil mensais.
Publicado originalmente no Jornal Diário de S. Paulo em 21 de outubro de 2001 - Empregos - Ano 4 - número 218