Por Patricia Morgado
A cárie é provocada por um conjunto de bactérias, sendo a principal delas chamada Streptococcus mutans. Se não for devidamente tratado, o problema pode lesionar não só o dente afetado. Isto porque a bactéria causadora da cárie passa a se proliferar de maneira desordenada, podendo chegar à corrente sanguínea, se espalhar por todo o corpo e ocasionar diversas doenças. Uma delas é a endocardite, grave doença que afeta tecidos e válvulas cardíacas.
Mas as consequências mais comuns são a dor ou a sensibilidade nos dentes. Quando isso ocorre, a doença já está em estágio avançado. "A cárie é uma infecção causada por bactérias que formam placas duras e difíceis de remoer. Nessa placa, as bactérias vão aos poucos perfurando o esmalte, causando dor e desconforto, até chegar à parte mais profunda do dente, a dentina", explica Érica Vassoler.
Segundo ela, a Streptococcus mutans é facilmente transmitida de uma pessoa para outra por meio do contato com a saliva, em atitudes como beijo e uso compartilhado de talheres. "A melhor maneira de evitar o problema é fazer uma escovação adequada com o uso de uma escova de dente em bom estado, fio dental e pasta fluoretada. Além disso, é importante a visita regular ao dentista para avaliação e limpeza dos dentes, evitando o aparecimento de manchas que podem vir a se transformar em cárie", afirmou.
Apesar de o número de cáries ter diminuído nos últimos anos (com queda de 25% em crianças entre os anos de 2003 e 2010 - segundo o Programa Brasil Sorridente, do Ministério da Saúde), a doença ainda é considerada a principal quando o assunto é saúde bucal. E a melhor maneira de combatê-la é investir em uma higiene oral adequada, com escovação média de oito minutos (principalmente à noite) e o uso de ferramentas como escova com cerdas fartas e macias, fio dental e escova interdental. "Enquanto a escova convencional faz a limpeza das superfícies dos dentes, a interdental limpa entre os dentes com perfeição e onde a escova comum não acessa. Já o fio e a fita dental são ótimos para remover detritos de alimentos", orienta Hugo Roberto Lewgoy, mestre e doutor pela Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo.
Ele explica que a profilaxia oral deve ser treinada individualmente e feita de forma cuidadosa, para que haja uma escovação de qualidade, onde todos os dentes sejam, de fato, higienizados de forma devida.
Caso não seja tratada, a cárie pode afetar de forma definitiva a estrutura do dente e comprometer o órgão vital, que é a polpa (nervo) conforme explica Helena Biancalana, diretora do departamento de prevenção da Associação Paulista de Cirurgiões Dentistas (APCD). Quando isso ocorre, uma das consequências é a inflamação desse tecido nervoso, que é irritado por vasos sanguíneos. Outra repercussão é a necrose (mortificação pulpar) que pode levar a infecções localizadas e até mesmo generalizadas, quando não tratadas adequadamente. Para cada caso há procedimentos específicos e também medicamentos sistêmicos, como antibióticos, anti-inflamatórios e analgésicos. "A cárie é uma doença grave, que tem a sua evolução rápida na maioria dos casos. O tratamento vai depender do estágio em que a doença se encontra. Se for inicial, haverá a remoção do tecido cariado e aplicação de material restaurador; se estiver mais avançada, o tratamento será mais invasivo. Atualmente, há muitas formas de tratamento, que vão desde a prevenção com fluoretos, passando pela Laserterapia, além de materiais restauradores, compatíveis biologicamente com o tecido dentário. Porém, nada substitui o dente saudável", conclui a Dra. Helena.
Publicada originalmente no caderno Conexão Saúde do Jornal Metrô News em 16 de maio de 2018