Por Patricia Morgado
O crescente número de pessoas interessadas em cirurgias de correção da visão, principalmente as de miopia e astigmatismo, têm aquecido o mercado de trabalho para os oftalmologistas. Só na área de cirurgia existem diversos campos de atuação para esse médico. “Com o aumento do número de pacientes, houve maior necessidade de médicos”, afirma Newton Kara José, 61 anos, professor titular da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp.
O Brasil é um dos países que mais realizam cirurgias de catarata, principal causadora da cegueira no mundo. Para atender as pessoas que necessitam desse atendimento, os oftalmologistas precisam ter uma excelente formação profissional, pois qualquer deslize pode agravar ainda mais a situação do paciente. Para ser um desses profissionais, é preciso fazer antes de tudo um curso de Medicina. Após o término da faculdade, o profissional tem três opções para se tornar um oftalmologista. O aluno deve se inscrever nas faculdades que oferecem residência nessa área. Ele pode fazer quantas provas quiser, tal como num vestibular.
Há dois tipos de instituições. As mais concorridas são as credenciadas pelo MEC, pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) e pela Associação Médica Brasileira (AMB). Dentre elas destacam-se a USP e Unifesp. Quem se formar nessas faculdades se tornará um especialista. As outras faculdades somente são credenciadas pelo MEC. Por essa razão, aqueles que fizeram essas cursos terão de realizar uma nova prova, após cinco anos de formado, para se tornarem especialistas.
Em ambos os casos, a residência será feita em período integral. Durante o curso, que dura três anos, o aluno receberá uma ajuda de custo que varia de R$ 800 a R$ 1200, pagos pelo governo quando a faculdade é pública ou pela própria instituição quando for particular. Nos dois primeiros anos, são ensinadas as principais doenças oculares. No último ano, o aprendizado é mais avançado.
Paulo Augusto de Arruda Mello, de 54 anos, vice-presidente do Conselho Regional de Oftalmologia (CBO), afirma que existe ainda um curso credenciado pelo próprio Conselho que substitui a residência. O curso não é pago e também possui a duração de três anos, sendo dois anos obrigatórios e um ano opcional. “O curso não é credenciado pelo MEC, mas isso não implica em dificuldades na hora da contratação”, evidencia Arruda.
A quantidade de cursos em oftalmologia explica a crescente procura dos alunos por esta área. Formada há três anos, Amaryllis Avakian, 30 anos, ressalta que a concorrência exige maior qualificação. “O ideal é montar o consultório num local onde não existam tantos concorrentes, geralmente nos bairros de periferia”, afirma. Uma boa saída para quem pretende dar início à profissão é montar o consultório juntamente com oftalmologistas especializados em outras áreas. Isso diminui o custo inicial para montar um consultório básico, que varia de 15 a 20 mil reais, segundo Amaryllis. Além disso, essa oportunidade aumenta a oferta de pacientes, já que o atendimento é diferenciado.
A média salarial para estes profissionais varia de R$ 1500 a R$ 3000, dependendo da área e do setor em que se está trabalhando.
Publicado originalmente no Jornal Diário Popular em 11 de maio de 2001 - Caderno de Empregos - Ano 4 - Número 195