Costureiras de modernizam


Por Patricia Morgado

Transformar pedaços de tecidos em peças de roupas ou de decoração. Este é o trabalho das costureiras, que cada vez mais realizam serviço de qualidade, com a utilização cada vez maior dos recursos tecnológicos.

De acordo com a presidente do Sindicato das Costureiras do ABC, Isabel Oliveira de Mendonça, 53 anos, a classe não sofre escassez de oferta de trabalho em razão da crescente expansão do número das empresas de confecção do País. “Houve um forte aquecimento no mercado”, afirma. Isabel alerta para o fato de que há no mercado empresas boas e ruins. Seu conselho é ter cuidado na hora de escolher o local de trabalho. “Existem empresas que não registram o profissional, nem cumprem o acordo coletivo, ou pagam abaixo do piso salarial”, denuncia.

Por não ter encontrado um bom local de trabalho, a costureira Terezinha Shirley Maia Ferreira, 50 anos, decidiu trabalhar em casa. Costureira desde os 12 anos, aprendeu o ofício para ajudar a mãe e desde então não parou mais. “Gosto de satisfazer as pessoas que atendo.” Terezinha trabalha no mínimo 12 horas por dia para atender sua clientela fixa. Para tornar-se uma costureira autônoma, como é seu caso, ela aconselha estar bastante ligada às tendências de moda, alvo de constantes pedidos das clientes. “Não adianta saber costurar o básico, é preciso ousar e até criar modelos, conforme o corpo e gosto da cliente. É preciso conhecer principalmente as roupas usadas pelas atrizes da tevê”, ensina.

Nas indústrias de costura, o nível de exigência é bem diferente do enfrentado pelas costureiras autônomas. Para cumprir com qualidade, é preciso fazer várias peças iguais num dia. Nedina Correia da Silva, 42 anos, optou pelo emprego na empresa de confecção Open File, em busca de direitos trabalhistas garantidos com registro na carteira de trabalho. Desde 1994, Nedina trabalha na fábrica. “Contratada tenho maior oportunidade de crescer profissionalmente. Em casa, o aprendizado é muito limitado”, diz. Como grande parte das costureiras de sua geração, ela também aprendeu a costurar com sua mãe. Somente na adolescência resolveu fazer um curso de costura para se profissionalizar.

Apesar de muitas pessoas aprenderem o ofício com parentes ou conhecidos, o ideal, para se tornar uma costureira, é fazer um curso especializado. Mesmo as pessoas que já possuem experiência devem fazer cursos para diversificar as confecções. De acordo com o Sindicato das Costureiras do ABC, o piso salarial da categoria é de R$ 330, valor que pode aumentar muito de acordo com a especialização e a rotina de trabalho de cada profissional.

Publicado originalmente no Jornal Diário Popular em 6 de maio de 2001 - Caderno de Empregos - Ano 4 - número 194