Por Patricia Morgado
Professores de Educação Física trabalham, na maioria das vezes, para melhorar e modelar os corpos das pessoas que praticam esportes. No entanto, há muitas outras atividades que estes profissionais podem exercer. O trabalho com portadores de deficiência é uma área pouco explorada, que tem necessitado de profissionais qualificados.
A ideia de integrar as pessoas portadoras de deficiência ao esporte surgiu após a 2ª Guerra Mundial. Nesta época, o médico alemão neurocirurgião Ludwig Gutmann colocou o esporte como fundamental instrumento de reabilitação dessas pessoas. Desde então, a atividade cresceu e hoje existem vários atletas portadores de deficiência que participam até de Paraolimpíadas.
Edna de Moraes Garcez, 42 anos, é uma das poucas pessoas formadas em Educação Física que se dedica a dar aulas aos portadores de deficiência. Ela trabalha há 17 anos como coordenadora do setor de reabilitação desportiva da Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD) e diz que “há muitas pessoas deficientes que querem praticar esportes, mas há poucos profissionais atuando neste segmento”.
Edna faz de seu emprego um projeto de vida. Ela também é professora da Universidade de Taubaté (Unitau), onde dá aulas de educação física adaptada para os alunos do quarto ano. Em meio a uma agenda lotada, encontra tempo para trabalhar como voluntária, junto com a filha fisioterapeuta nas aulas de natação terapêuticas, específicas para pessoas portadoras de deficiência. O objetivo das aulas é trabalhar com a musculatura de cada aluno, estimulando os movimentos. “Muitas pessoas pensam que o trabalho com portadoras de deficiência é exclusivo do fisioterapeuta, mas o professor de educação física é o complemento para reabilitação dessas pessoas”, afirma.
Para dar essas aulas especiais é necessário, antes de tudo, fazer a faculdade de educação física. Durante o curso, o aluno aprenderá a disciplina Educação Física Adaptada. Nesta matéria, será ensinada a parte prática de reabilitação, tais como identificação dos movimentos físicos dos deficientes e desenvolvimento da musculatura de cada um.
Maria Natividade de Freitas Rachid, 39 anos, há 18 anos trabalha com portadores de deficiência. Atualmente, dá aulas de educação física na escola Saga Educação. Ela afirma que em busca de atividades, os portadores de deficiência cada vez mais têm necessitado da ajuda dos professores de educação física. “Antes, muitos deficientes ficavam em casa e viviam uma vida sedentária. Hoje já existem escolas especializadas e instituições que incentivam a prática de esportes, desenvolvendo o lado físico e psicológico”, diz Maria.
A falta de cursos especializados de em diversas faculdades de educação física dificulta o aprimoramento na área. Grande parte dos professores que atuam no setor aprendem na prática. Márcia Greguol, 26 anos, professora de educação física da faculdade UNIP, acredita que isso ocorre porque poucas pessoas sabem dessa oportunidade. “No Brasil, o trabalho feito com portadores de deficiência é muito recente e só agora estão aparecendo professores habilitados para lidar com esta área”, afirma.
A média salarial para estes profissionais varia de R$ 7 a R$ 12 por hora, variando de acordo com o local de trabalho.
Publicado originalmente no Jornal Diário Popular em 20 de maio de 2001 - Caderno de Empregos - Ano 4 - Número 196