Oportunidades no mundo dos cabeleireiros


Por Patrícia Morgado

Munidos de tesouras, tintas e muita imaginação, os cabeleireiros tingem, alisam encrespam e cortam cabelos longos, curtos, lisos e crespos. Sem medo de errar, eles são responsáveis pela aparência de homens, mulheres, crianças e idosos. Mas antes de começar o seu trabalho, é preciso averiguar fisionomia, cor, tipo de cabelo, formato e feições do rosto. Afinal, é em cima destes detalhes que estes profissionais vão se basear para compor o visual das pessoas que o procuram.

De acordo com a presidente do Sindicato dos Empregados e Instituto de Beleza e Cabeleireiros de Senhoras de São Paulo e Região, Maria A. Mesquita Hellmeister, de 50 anos, a palavra desemprego não existe no vocabulário deste profissional, já que o mercado de trabalho é amplo e oferece muitas oportunidades. "O cabeleireiro pode trabalhar em institutos ou salões de beleza, emissoras de televisão, fabricando perucas e apliques além de poder trabalhar por conta própria. Existe uma diversificação na mão-de-obra atual", admite.

De acordo com Maria, supermercados, companhias aéreas e grandes magazines chegam a criar verdadeiros salões dentro das empresas. "Pessoas que trabalham com atendimento ao público e prestação de serviço devem estar arrumadas e ter boa aparência. Este é o intuito desses salões, já que muitas vezes os funcionários, devido ao corrido ritmo de vida, não possuem tempo hábil para isto", relata.

Remuneração

Além dos novos campos, o salário também está se tornando um atrativo. Apesar da média salarial estipulada pelo sindicato ser de R$ 411 mensais, muitos chegam a faturar R$ 1,5 mil por mês trabalhando por conta própria. Já a maioria dos profissionais que atuam em salões de beleza ganham uma porcentagem em cima de cada trabalho. Um corte comum, por exemplo, varia de R$ 7 a R$ 20, enquanto um alisamento pode custar até R$ 200 dependendo do tamanho do cabelo.

Os interessados em seguir a carreira devem fazer um curso neste segmento, que possui de oito meses a um ano e meio de duração. É durante este período que o alunos aprendem técnicas de corte, coloração, escova e processos que mexem com produtos químicos como relaxamento e permanente. Para fazer com que os alunos tenham a parte prática, muitas escolas abrem suas portas para o atendimento ao público. Acompanhados de um professor durante todo o processo, eles tem a oportunidade de aprender e saber reamente se estão no ofício correto.

Foi visitando uma dessas escolas que o cabeleireiro Antônio Carlos Nascimento, de 35 anos, descobriu que devia seguir este ramo, no qual está há 15 anos. "No início cortava cabelos de vizinhos e amigos", admite. Para se integrar das novidades, ele faz uma série de cursos de atualização e fica de olho em tudo o que sai em jornais e revistas. "Geralmente os cursos passam coisas que já sei. Mas sempre aprendo algo novo", conta.

Ao contrário de Nascimento, o diretor da Associação dos Cabeleireiros Unissex do Brasil, Moacir Pereira da Silva, de 61 anos, aprendeu o ofício na prática, aos 18. Proprietário do salão Régis Cabeleireiro, atualmente ele trabalha com seus três filhos, que não por acaso seguiram a mesma atividade.

Para ele, a violência e a falta de segurança de uma cidade grande como São Paulo afetam diretamente o seu ofício. "Colocamos um alarme e mantemos as portas fechadas para evitar possíveis assaltos. Só que isto acaba afastando aqueles clientes mais tímidos", admite Silva, que tenta driblar estes problemas, seguindo passos que considera fundamentais. "Saber lidar com o público, ser atencioso e trabalhar bem. Este é o segredo do bom atendimento", ressalta.

Publicado originalmente no jornal Diário Popular em 25 de novembro de 2001 - Caderno de Empregos - Ano 5 - número 223