Por Patricia Morgado
O pior dos problemas é aquele que não apresenta sintomas e dificilmente é diagnosticado. Este é o caso do aneurisma, quadro que se caracteriza por uma fraqueza na parede da artéria, que, com o passar do tempo, se dilata e pode se romper. Quando isso acontece, o índice de mortalidade é elevado, em torno de 50%, e, entre os que sobrevivem, mais de 65% apresentam sequelas. O sangramento de um aneurisma é uma situação médica de extrema urgência e de gravidade muito grande. Na maioria das vezes, ele se rompe enquanto se está executando alguma atividade física ou durante a relação sexual, situações em que existe uma elevação da pressão arterial, afirma o médico neurocirurgião Lincoln de Macedo Leandro, do Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE).
O aneurisma surge de forma silenciosa, é assintomático e, em determinadas situações, pode durar a vida inteira sem apresentar nenhum tipo de intercorrência. Normalmente, quando é descoberto antes da ruptura, isso acontece durante a realização de um exame de imagem de crânio. Quando se rompe, ocasiona uma dor de cabeça fortíssima de início súbito, que na maioria das vezes vem acompanhada de alterações do nível de consciência. A intervenção cirúrgica, neste caso, é fundamental.
Para os que tomam conhecimento de sua existência antes que isso ocorra, o acompanhamento médico é imprescindível. Assim, é possível conhecer tamanho, localização e outros dados essenciais sobre o aneurisma analisado. E quanto mais elevada a idade, maiores são as chances de o aneurisma se romper. Caso seja detectado, o neurocirurgião propõe um tratamento para evitar que esse aneurisma se rompa no futuro. Existem estudos com os quais se pode prever o risco de sangramento, conforme os anos em que ele foi diagnosticado. "Em média, acredita-se que a chance de um aneurisma se romper é de 1% a 3% ao ano. Por isso, o acompanhamento deve ser constante. Não existe remédio, mas sim uma avaliação criteriosa. É esta avaliação que mostrará quando é necessária a indicação de uma cirurgia para que o aneurisma não se rompa no futuro", explica Dr. Lincoln. .
Apesar de não haver remédio, é previdente apostar em hábitos saudáveis como uma boa alimentação, controle de índices como diabetes, colesterol e pressão e evitar fumo e cigarro.
De acordo com o Dr. Luiz Daniel Cetl, neurocirurgião do grupo de tumores do departamento de neurocirurgia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e especialista em aneurisma cerebral pela Sociedade Brasileira de Neurocirurgia (SBN), este não é um problema hereditário. Contudo, os parentes mais próximos de um paciente com aneurisma costumam ser investigados por meio de um exame de angiorressonância, para descartar qualquer tipo de suspeita. Hoje é estudada a criação de rotinas de diagnóstico, mas que ainda não evoluiu devido à complexidade de identificação em exames mais comuns de imagem. No entanto, a angiorressonância pode ser uma das indicações para a identificação da doença, embora não detecte 100% dos casos, explica o Dr. Celt. De acordo com ele, a melhor alternativa para o tratamento ainda é a angiografia, uma técnica mais invasiva e de difícil introdução nos procedimentos de rotina, que deve ser realizada em sala equipada com um aparelho de raios X. PM Tratamentos para o aneurisma n Endovascular (embolização) Ocorre por meio de angiografia cerebral digital, quando uma mola é colocada na região interna do aneurisma cerebral. Com a introdução de um cateter na artéria femoral na região inguinal (coxa) é possível chegar até o aneurisma no cérebro. Existe ainda a possibilidade de parte do aneurisma não ficar completamente isolada, podendo ocorrer um crescimento no futuro e, consequentemente, na recidiva, ser mais difícil de ser tratado.
Matéria publicada originalmente no caderno Saúde & Você do Jornal Metronews em 27 de julho de 2017