Por Patricia Morgado
Quando o assunto é descarte e reciclagem, automaticamente faz se a associação com o lixo produzido no dia a dia, proveniente de materiais como papeis, metais, vidros e plásticos. Mas existem outros itens, igualmente importantes, que precisam receber um destino adequado. E é nesta categoria que se enquadram os medicamentos consumidos sazonalmente.
Na maioria das vezes, este tipo de produto, quando precisa ser dispensado, vai parar no lixo comum ou no vaso sanitário. O que poucos sabem, contudo, é que este tipo de atitude, além de ser altamente prejudicial ao meio ambiente, pode ser responsável pelo surgimento de micro-organismos altamente resistentes e prejudiciais à saúde humana. O Brasil é o 7º maior consumidor de medicamentos do mundo,
"No lixo comum, o medicamento vai para o aterro e acaba contaminando o lençol freático e o solo, podendo desenvolver micro-organismos multirresistentes. O mesmo ocorre se o medicamento for descartado na pia ou no vaso sanitário, com a contaminação da água", afirma a Profa. Dra. Patricia de Carvalho Mastroianni, do departamento de Fármacos e Medicamentos da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Unesp.
As substâncias podem ser ou vir a se tornar tóxicas após a decomposição. “Esse processo pode afetar peixes e outros organismos vivos, além de pessoas que bebem dessa água e consomem esses animais. O procedimento também coloca em risco pessoas que entram em contato direto com o resíduo", alerta Sarah Chaia, diretora de responsabilidade social do Comitê de Sustentabilidade da Roche Farma Brasil.
Não existe no Brasil uma regulamentação de resíduo de medicamento domiciliar. Só recomendações da Organização Mundial da Saúde. O assunto está na pauta do Senado. Além disso, alguns estabelecimentos, como Unidades Básicas de Saúde (UBS), farmácias e drogarias, recebem voluntariamente este medicamento, assumem como resíduo e fazem a incineração no local adequado.
Para descobrir quais locais recebem este tipo de resíduo, a Roche, em parceria com a eCycle, dispõe de uma plataforma, que pode ser consultada pelo link https://www.roche.com.br/pt/por-dentro-da-roche/descartes-de-medicamentos.html Se ainda assim não for possível encontrar um endereço próximo, a recomendação é contatar a Vigilância Sanitária.
Uma das formas de evitar o descarte excessivo seria por meio da venda fracionada, na qual o consumidor compraria exatamente a quantidade necessária para o seu tratamento.
No entanto, não são todos os medicamentos que podem ser fracionados e a venda não é obrigatória. Além disso, a comercialização só poderia ocorrer se os produtos fossem oferecidos em embalagens fracionáveis, desenvolvidas para esse fim.
Outro ponto importante é evitar a compra excessiva de medicamentos e adquirir somente o remédio que se esta, realmente, precisando. "Comprar demais gera sobra e, consequentemente, mais resíduo. É preciso, cada vez mais, que haja conscientização da população sobre o tema pois, quanto mais usarmos os remédios de forma racional, menores serão os residuos", conclui a Profa Dra. Patricia de Carvalho Mastroianni, da Unesp.
Publicado originalmente no Jornal Metrô News em 14 de março de 2018 - Conexão Saúde