Eles dominam as cores


Por Patricia Morgado

Desenvolver novas cores a partir da mistura de outras. Este é o trabalho do colorista. Apesar de ser uma profissão antiga, grande parte das pessoas a desconhece. O colorista atua em diversos segmentos. Seu trabalho pode ser realizado na indústria têxtil, química, ou em departamentos de artes gráficas das empresas. Em cada uma dessas áreas o trabalho é totalmente diferente. Dependendo da área de atuação, não é necessário ter curso superior. Exceto na indústria química, nos demais setores é necessário apenas preencher requisitos básicos, como domínio de informática, noções de cores e bom nível cultural.

Beatriz Duca Madureira, 33 anos, trabalha há 7 anos como farmacêutica de controle de qualidade da L´acqua di Fiori. Entre as diversas funções que executa, ela participa do processo final de coloração de perfumes. A farmacêutica analisa se há necessidade ou não de adicionar cor ao produto, pois algumas fragrâncias já possuem tonalidade. Ao colorir, ela verifica se o corante está de acordo com o produto e a embalagem. O processo é muito trabalhoso e a principal preocupação é manter a cor do produto por todo o prazo de validade.

Embora seja da mesma profissão, Mauro Lucchini Pereira, 38 anos, realiza um trabalho bem diferente de Beatriz. Há 15 anos, ele trabalha na Editora Abril. Hoje, Pereira é chefe de arte no departamento de histórias em quadrinhos da Disney. Seu trabalho é voltado para o design gráfico e para colorização eletrônica. “Recebo as histórias em preto e branco, com as instruções da cor que devo utilizar”, conta. Para ser um colorista gráfico, é preciso ter conhecimento do software Photoshop, e do sistema operacional Macintosh, além de ter noções básicas de cores.

Outro ramo de atuação é o da estamparia. Marcelo Grecov, 28 anos, dono da estamparia LM Print, diz que enfrenta dificuldades para encontrar profissionais nesta área. “Desde setembro procuro uma pessoa que seja organizada, rápida, e que tenha um bom conhecimento prático, mas não encontro ninguém”.

O trabalho do colorista têxtil divide-se na estamparia corrida – a estampa é feita em todo o tecido – e estamparia localizada – feita somente numa determinada peça, como uma calça. Grecov diz que a estamparia localizada é um procedimento realizado pelas grandes empresas. Por isso o trabalho nesta área é melhor remunerado. Mas, independente da divisão, o objetivo do trabalho é o mesmo. “O colorista sempre irá desenvolver uma cor requisitada, testando a mistura de várias cores”, esclarece.

Não há cursos específicos para quem deseja ser um colorista. A alternativa é realizar aqueles que permitam uma boa formação, como os de informática ou de tecelagem. Como não há sindicato que represente essa categoria, a média salarial do colorista varia conforme a área de atuação. Na parte gráfica o salário pode chegar a R$ 1600. Já na indústria têxtil os valores variam de R$ 600 a R$ 800. Na indústria química, por exigir formação universitária, os salários chegam a R$ 2500.

Publicado originalmente no Jornal Diário Popular em 29 de abril de 2001 - Caderno de Empregos - Ano 4 - Número 193