As agências especializadas em recolocação


Por Patrícia Morgado

Profissionais que desejam trocar de posição ou de empresa, somados aos que perderam seus cargos de gerência ou direção, abriram campo para as empresas especializadas na recolocação de executivos.

Diferentemente do que acontece nas tradicionais agências de emprego, que gratuitamente inserem em seu banco de dados profissionais de todas as categorias e segmentos, estas agências procuram fazer um trabalho diferenciado com o candidato cadastrado, dando toques e dicas que podem ajudá-los nas entrevistas nos processos de seleção. "Avaliamos e preparamos os candidatos por meio de testes e simulados, pois precisamos conhecer a capacidade e o potencial de cada um para darmos a assessoria adequada", explica a gerente de treinamento da Dow Right, Gisela Kelly Ferreira, de 32 anos.

Segundo ela, é importante que o candidato fique atento às informações que as consultoras passam durante os testes, fundamentais para o profissional que enfrentará processos seletivos. "Queremos que o candidato esteja preparado para as entrevistas, consciente de seus pontos positivos e até mesmo de eventuais deficiências", ressalta Gisela.

Geralmente as agências de recolocação atendem, em média, de 50 a 60 profissionais por mês, em sua grande maioria executivos. O valor cobrado pelos serviços de consultoria e treinamento varia de R$ 1,5 mil a R$ 2 mil pelo período de um ano.


Etapas

O trabalho desenvolvido com cada um dos executivos em busca de recolocação segue o mesmo esquema, independentemente das diferenças e peculiaridades do profissional. Inicialmente, a agência procede à avaliação completa do candidato, por meio de testes e simulados de entrevistas, além de dinâmicas de grupo. Durante a avaliação, o executivo será orientado por psicólogos e selecionadores especializados. Em seguida, a agência elabora o currículo do profissional e encaminha a empresas com disponibilidade de vagas adequadas ao seu perfil.

Embora o cadastramento nas agências de recolocação não garanta sucesso imediato, os especialistas destacam que as chances de ingresso em nova empresa são bem maiores quando comparadas às agências tradicionais. "A vantagem é que a empresa não perde tempo marcando entrevistas e o profissional concorre com um número menor de candidatos. Com isto, as chances de recolocação aumentam", argumenta Sylmara Valentini, de 29 anos, coordenadora da consultoria Manager Assessoria em Recursos Humanos, especialista no segmento.

De acordo com Sylmara, o histórico profissional e o lado comportamental do candidato são requisitos importantes mas não fundamentais no momento da escolha. "Às vezes o candidato menos qualificado consegue recolocação mais rápida. Tudo dependerá das circunstâncias, da necessidade específica da empresa e do momento do mercado".

Dados da secretaria do Desenvolvimento, Trabalho e Solidariedade, com base em pesquisas da Fundação Seade e do Dieese, mostram que o tempo médio de espera por uma nova vaga de trabalho em São Paulo subiu de quatro para doze meses nos últimos doze anos.


Publicado originalmente no Jornal Diário de S. Paulo em 14 de outubro de 2001 - Empregos - Ano 4 - número 217