Joalheiros acompanham tendências
Por Patrícia Morgado
Dizem que o melhor presente é aquele feito e não comprado. Em se tratando de uma joia, o sucesso dessa regra popular tende a aumentar. Mas para confeccionar anéis, brincos ou colares é preciso aliar técnica e mãos firmes, como fazem os joalheiros. Munido de algumas ferramentas como pinças, maçaricos, tesouras e martelos, eles unem arte e conhecimento para dar formas originais às suas criações.
De olho nas quedas das vendas devido à crise financeira que o País enfrenta, estes profissionais fazem de tudo para que suas peças deixem de fazer parte dos itens supérfluos de compra. Por isso, quando maior o grau de conhecimento do joalheiro, maiores as chances de suas criações fazerem sucesso e serem vendidas.
A arte da joalheria começa com a criação. Depois de esboçar a ideia e a colocar no papel, o profissional transforma o desenho em realidade. Para cada joia a ser produzida é empregado um tipo de ferramenta específica e de técnica apropriada.
Para conhecer os macetes dessa profissão, há no mercado cursos específicos de aprendizado e aperfeiçoamento. Michael Steriemer, de 46 anos, é profissional de joalheria da Arte metal, escola que há seis anos fornece este tipo de curso. Ele ensina todo o processo de construção de uma peça. "Primeiro ensinamos as peças mais fáceis de serem executadas, como um anel sem pedra, para depois trabalharmos com a parte criativa, quando o aluno já esboça alguma ideia. Mas é importante que desde o início do curso a criação esteja presente", afirma.
Steriemer reconhece que a grande dificuldade é ter o trabalho reconhecido, pois, em geral, os compradores pagam muito pouco pelas jóias confeccionadas. Assim, é fundamental saber expôr o material. "É bom aplicar um sistema de venda, seja trabalhando com vendedores ou levando joias para serem expostas em stands", ensina.
Wanderley Nordelli Francisco, de 31 anos, aprendeu o ofício aos 17, com o pai e o avô. Hoje, para vender o que produz, ele possui uma equipe fixa de vendedoras. "Assim que crio uma nova peça faço um molde e a produzo em quantidade. Este material é colocado em mostruários e passado para as vendedoras. Além disso, mantenho uma loja para expor os meus trabalhos com exclusividade e restauro joias antigas", afirma. Com 21 anos de experiência, Renato Camargo, de 44, acredita que o segredo para o sucesso está na inovação. "A joia deve ser trabalhada como uma obra de arte. O profissional deve criar peças diferentes e sempre estar atento às novas tendências da atualidade".
Camargo leva aproximadamente oito horas pra fazer um anel, uma das peças mais vendidas pelos joalheiros. Ele gosta de trabalhar com ouro, pois considera um metal fácil de manusear e que agrada a maioria das pessoas. "O ouro não escurece como acontece com a prata. Por essa razão, o custo deste metal é maior".
Para se atualizar, há uma série de cursos paralelos, como o de esmaltação - aplicação de esmaltes nas peças - e o de gravação, onde o profissional aprende a escrever e a desenhar dentro da peça.
A média salarial para estes profissionais é variável e dependerá da quantidade de peças vendidas por mês. Os anéis de prata possuem uma variação de preços de R$ 150 a R$ 250. Já os de ouro vão de R$ 600 a R$ 1500 reais.
Publicado originalmente no Jornal Diário Popular em 29 de julho de 2001 - Caderno de Empregos - Ano 4 - número 206