Radialista faz de tudo

Por Patrícia Morgado

Os veículos eletrônicos de comunicação, como rádio e tevê, disputam a todo instante a audiência do público. Vários profissionais se empenham para ganhar espaço nessa guerra. Dentre eles o radialista, que produz e dirige o conteúdo da programação.

Embora o nome nos remeta a um locutor de rádio, esse profissional não lida somente com narração. O radialista pode ser responsável por escrever os textos, editar e elaborar os programas jornalísticos e de entretenimento. Essa denominação surgiu em razão da Lei número 6.615, de 16 de dezembro de 1978, que considera radialista todo profissional que trabalha em empresas de radiofusão sonora (rádio) e radiofusão de sons e imagens (televisão).

O radialista precisa ser formado no curso superior de Comunicação Social com habilitação em Rádio e TV, oferecido em diversas faculdades. Durante quatro anos, o aluno aprende técnicas de locução, interpretação e direção de programas. O coordenador de Rádio e e TV da Faculdade Armando Álvares Penteado (FAAP), Edson Gardin, de 45 anos, afirma que "O radialista escreve, cria roteiro e dá o formato necessário para as atrações que serão apresentadas. Ele trabalha com iluminação, cenógrafos e sonoplastas, definindo ângulos de filmagem, enquadramento de câmera e efeitos de som e iluminação."

Para Gardim, o mercado de trabalho é promissor e fornece várias opções. "Hoje temos uma série de emissoras de teve à cabo que precisam deste tipo de profissional. Outra área que promete muito é a tevê digital, que transmite toda a sua programação por meio de sistema digital, aumentando não só a qualidade do som e da imagem como o número de canais e programações", revela.

Menos otimista, o radialista Fernando Augusto Capellato, de 26 anos, acredita que a profissão precisa ser valorizada. "Hoje em dia, inúmeras faculdades fornecem este curso, aumentando drasticamente o número de formados no mercado. Com isso, os salários caíram muito e as empresas começaram a trabalhar com estagiários, que ganham menos e realizam o mesmo trabalho de um profissional formado", lamenta.

Capellato trabalha na rádio Transamérica desde 1996, onde cria vinhetas e chamadas para os comerciais e promoções. Além disso, faz a produção de diversos programas da emissora, como o Transtronic, Hot Hits. "Pesquiso muito na Internet para levantar perguntas e tema que podem ser colocados nos programas", afirma.

A apresentadora e produtora do Top 20 Brasil e do Disk MTV, Sarah Oliveira, de 22 anos, terminou a faculdade . Seu primeiro trabalho foi a rádio 89 FM. "Aprendi a fazer edição, locução e a estruturar uma matéria. Mas sei que para se dar bem na área é necessário estar atualizado e ter uma boa fluência em inglês", afirma Sarah, que ainda encontra tempo para fazer matérias e produzir os programas Contato e Nação, todos apresentados na emissora.

A média salarial para os iniciantes é de R$ 1 mil mensais, valor que varia muito de acordo com o veiculo em que se está trabalhando.


Publicado originalmente no Jornal Diário Popular em 12 de agosto de 2001 - Caderno de Empregos - Ano 4 - número 208